Este ritual do passado parece hoje uma estranha bruxaria: atirar alguns fósforos para uma panela de água com a cabeça para baixo.
Os nossos antepassados não eram simplórios supersticiosos – por detrás desta ação havia uma química doméstica precisa nascida da necessidade, relata o correspondente da .
Numa época em que não havia abastecimento de água centralizado nem filtros, a água de poço tinha frequentemente um sabor a pântano ou um cheiro a estanho. A fervura matava os germes mas não resolvia os problemas de sabor.
O segredo estava no enxofre que fazia parte da cabeça do fósforo. As micropartículas de compostos de enxofre, quando lavadas na água, tinham uma fraca propriedade oxidante e podiam neutralizar algumas substâncias orgânicas que provocavam um odor desagradável.
É claro que isto não purificava a água de metais pesados ou de contaminantes graves, mas tornava-a mais adequada para cozinhar.
Atualmente, este método deve ser considerado uma curiosidade histórica, um monumento ao engenho das pessoas em condições de escassez de escolha
Os filtros modernos e as análises laboratoriais são guardiões muito mais fiáveis da nossa saúde, mas um velho truque prático recorda-nos que a observação foi muitas vezes o primeiro passo para a descoberta.
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