O caruncho não é apenas um verme amarelo, é um sabotador tenaz que pode permanecer no solo durante quatro anos, danificando metodicamente as culturas de raízes e tubérculos.
A luta contra ele não é uma ação pontual, mas uma operação especial sistemática, que exige astúcia e paciência, relata o correspondente da .
As suas larvas roem buracos perfeitos nas batatas, cenouras e beterrabas, abrindo portas para bactérias e fungos, provocando o apodrecimento das culturas pela raiz. Adoram solos ácidos, muito cobertos de erva de trigo e cavalinha, e reproduzem-se no mesmo sítio durante anos.
A química é uma medida extrema que pode acumular-se na cultura e prejudicar a vida do solo. É muito mais sensato adotar uma abordagem mais subtil, privando a praga de um habitat confortável. A calagem regular do solo com cinza ou giz reduz a acidez, tornando o local menos atrativo.
O método mais inteligente consiste em enganar o seu apetite. Corte uma batata velha, enterre-a a uma profundidade de 5-10 cm, marque o local com um pau. Após alguns dias, retire o isco, sacuda as larvas aderentes num balde com uma solução salina forte e volte a colocar a batata no solo para uma nova “captura”.
Pode semear mostarda, ervilhas ou phacelia entre as linhas – estes sideratos não só melhoram o solo, como também dissuadem os vermes. E a escavação profunda no outono, após as primeiras geadas, fará com que as larvas venham para a superfície, onde serão bicadas pelos pássaros ou mortas pela geada.
Outro aliado inesperado é a cerveja. Cave no solo pequenos frascos ou garrafas de plástico cortadas de cerveja escura. O cheiro da fermentação atrai irresistivelmente não só as lesmas, mas também as minhocas, que, uma vez lá dentro, não conseguirão sair.
O principal nesta luta é sistemático e constante. Não é possível derrotar o verme-fio numa só estação, mas é possível controlar rigorosamente o seu número. Combine armadilhas, adubações laterais e uma rotação de culturas adequada, e notará que os danos serão cada vez menores todos os anos.
Este confronto ensina o principal: na horta, é preciso pensar como uma praga, antecipar as suas acções e criar condições insuportáveis para ela. Assim, não haverá necessidade de química.
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